Status como deferências simbólicas e a homofilia social
- Danillo Nogueira
- 1 de jun. de 2020
- 4 min de leitura

Status evoca a assimilação de uma estrutura hierárquica de posições, cuja localização de um indivíduo dentro dessa hierarquia molda a perspectiva e as ações dos demais indivíduos e, portanto, determinando as oportunidades e restrições enfrentadas pelos indivíduos.
O status nas organizações remete a uma posição hierárquica resultante do grau de deferências ou apreciações simbólicas que um emissor determina ao receptor, decorrente dos seus atributos.
Se um parceiro de um ator dentro de uma rede de organizações possui um status considerável, então esse ator pode utilizar o status por meio das suas afiliações. Esse status pode, em contrapartida, ter um número positivo de benefícios econômicos para o ator, abrangendo desde uma sobrevivência ao crescimento organizacional à rentabilidade de um empreendimento. Isto porque as deferências positivas feitas à organização simbolizam características apreciadas pelo seu mercado, público-alvo ou concorrentes.
Governança corporativa, conselhos administrativos e o corpo de gestão empresarial são figuras que participam das escolhas de estratégias de crescimento organizacional. A estratégia de aquisição corporativa é uma opção escolhida para suprir alguma deficiência, promover sinergia ou obter maior participação em determinado mercado, por exemplo. Ainda assim, as incertezas permeiam amplamente o campo das aquisições e fusões empresariais.
A incerteza que um produtor possui quanto as oportunidades de mercado e as suas possibilidades de alocação que melhor servirão para alcançar essas oportunidades são, sob a ótica de redes organizacionais, chamadas de “incertezas egocêntricas”.
Outra forma de incerteza é a que o consumidor possui, como alguns potenciais parceiros para alianças, na percepção da qualidade de produtos e serviços que os produtores os apresentam. Essa incerteza é chamada de “incerteza altercêntrica”.

Com isso, a incerteza se torna um fator inibidor das chamadas ações econômicas, mas possui interferência significativa do status para auxiliar nas decisões corporativas estratégicas.
É de se destacar que os indivíduos se tornam mais propensos a desenvolver e manter relações de apoio com outros a quem eles são semelhantes, em importantes dimensões sociais, dentre elas, o status.
Em uma perspectiva racionalista, a análise econômica tende a objetivar as relações interorganizacionais para uma perspectiva passível de prever que as organizações teriam certa propensão a engajar mais facilmente em negócios de longa duração e de alto valor envolvido. Como por exemplo, estratégias de crescimento (fusão, aquisição e alianças) com organizações de caráter mais ilibado, posto que esta postura proporciona um aumento no nível de confiança e diminui possíveis maleficências nos negócios.
Fatores de caráter sociológico como esses, entram na gama de conceitos observados dentro das redes organizacionais, como por exemplo, a reputação, o status e a qualidade.
Em relação aos aspectos sociais em grupos de negócios, a relevância do status social para a inclusão e exclusão de uma empresa, em um mercado de associações em cartel, é importante uma comunidade fundamentada na moralidade para o sucesso das suas operações. Como características dos negócios em cartel, a moralidade se tornou um comportamento de confiança esperado entre os atuantes, com padrões normativos e um oportunismo desnecessário. Assim, uma organização que não se adequasse aos padrões teria uma mancha em sua reputação quanto a futuros acordos aos moldes em cartel. Essa organização ”renegada” acaba sendo considerada uma ameaça aos negócios em cartel.

Uma organização renegada constitui uma ameaça ao cartel, quando possui diferentes incentivos para certo tipo de comportamento, diferentes informações sobre os seus parceiros comerciais ou diferentes taxas de desconto do que os seus parceiros. Por não fazer parte da comunidade moral, a comunicação falha pode começar a surgir e, possivelmente, resultar em uma falta de confiança. Por fim, o renegado pode ser considerado uma ameaça, devido a sua posição fora da comunidade moral implicar em uma chance a menos de o grupo implementar sanções sociais contra o renegado.
Com isso, não se quer dizer que o status social é o único fator que os participantes da comunidade moral terão para se pautar em casos de aceite de novos e potenciais entrantes, mas que a homofilia, ou capacidade de associação a um grupo com características semelhantes, poderá ser mais positiva para a comunidade moral.
Tendo em vista que a similaridade de comportamento pode ter um poder explicativo tão expressivo quanto o status em si, a dissertação de mestrado sobre o Embeddedness estrutural e o Status como deferência simbólica das empresas listadas na BM&F Bovespa: o efeito no comportamento de aquisições corporativas buscou envolver a análise de certas variáveis de status e observar se a similaridade de comportamento expressa algo para as suas estratégias de aquisição corporativa.
Dentre as variáveis de mensuração do status como deferência simbólica desse estudo, estão os Índice de Sustentabilidade Empresarial, a frequência de notícias e o ranking de melhores e maiores empresas para se trabalhar. Assuntos que serão abordados proximamente no blog de Conhecimento da DF7 Consultoria.
Fonte: Nogueira, Danillo P. Embeddedness estrutural e o status como deferência simbólica das empresas listadas na BM&F Bovespa: o efeito no comportamento de aquisições corporativas / Danillo P. Nogueira – 2015 – Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
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