top of page

Além da racionalidade econômica: a Imersão e a Homofilia Social


O pensamento econômico tende a estar presente na sua essência, seja sob a perspectiva da maximização do uso de recursos ou para vislumbrar ganho de vantagem competitiva. É possível todos os indivíduos serem competitivamente eficientes? É possível maximizar o ganho individual em todas as transações comerciais? Mesmo sendo prejudicial para as outras partes envolvidas? Caso a lógica da maximização dos resultados, sob uma perspectiva econômica, levasse em consideração somente esses pontos destacados, dificilmente haveria um mercado.

Isso denota uma fragilidade nas correntes econômicas, que permite formar uma discussão mais aprofundada sobre como as teorias econômicas vinculam-se com as relações sociais para a formação das ações econômicas. O indivíduo como sendo uma ferramenta dentro de um coletivo ou o seu comportamento como uma expressão particular da totalidade pode ser chamado como Homo Economicus. Estudos já observaram que os indivíduos podem abrir mão dos seus próprios benefícios materiais para dar lugar à reciprocidade, justiça e igualdade na sua forma de agir em cooperação.

Esta constatação expõe um problema na disposição canônica da economia, na percepção de que os indivíduos agem por meio do seu próprio auto interesse, mas também suportam a ideia de tratamento igualitário afim de manter um relacionamento legitimo ou, por vezes, justo.

Assim sendo, a figura de um Homo Economicus estaria somente fiel em seu conceito caso todos os indivíduos defendessem todos os mesmos princípios, o que seria incorreto na sua essência, logo inviável.

O pensamento econômico clássico admite a teoria da eficiência de mercado, a qual vê o valor de ativos como justos. Assim, valores e preços estão avaliados por suas informações publicas passadas e futuras, o que justifica o seu valor. Em atividades como aquisições corporativas, os valores envolvidos, normalmente, se baseiam nos valores futuros que podem ser alcançados em uma estimativa temporal, assim chamado de arbitragem. Influências externas, como de analistas financeiros, terceiros ou outras partes interessadas evidenciam suas imperfeições e o valor justo não se é alcançado.

Assumindo o pensamento da influência dos comportamentos e instituições sobre as relações sociais, a escola neoclássica fornece a descrição de dois possíveis comportamentos econômicos dos indivíduos imersos socialmente. A princípio, surgiu o conceito da “supersocializacao” do homem, o qual aponta a imagem do homem sendo sensível e obediente às diretrizes ditadas pelo sistema desenvolvido por normas e valores, interiorizados por meio da socialização. Por outro lado, a figura do homem “subsocializado” argumenta que a influência humana não afeta a produção, consumo ou distribuição de produtos. As decisões não são dependentes na opinião dos outros, mas em si mesmo.

O ponto em comum entre ambas as teorias é que a decisão final está na mão dos indivíduos. Na teoria, a escolha entre ser integrado socialmente e o auto interesse é moldada por meio do contexto social.

Olhando pelo mesmo ponto de vista dos indivíduos, quando em um ambiente organizacional, a pressão para interagir com outras pessoas acaba sendo fator significativo para as pessoas buscarem associações com os demais. Dessa forma, a associação se dá, muitas vezes, entre pessoas semelhantes.

Como previsto pela teoria do equilíbrio, as organizações são frequentemente caracterizadas por redes segregadas compostas de pessoas semelhantes em alguma variável, como por exemplo, gênero, raça ou ideologia. Esse é o princípio da homofilia de status, o qual possui como ideia principal que as pessoas gostam de se associar com outras pessoas que sejam semelhantes.

As bases sobre as quais as pessoas podem escolher outros semelhantes costumam ser diversas. Entre as mais salientes, são as de fatores demográficos, como gênero, etnia, religião ou idade.

As pessoas que são homogêneas em idade, etnia, nível educacional e status são mais suscetíveis a interagir umas com as outras do que com pessoas que são heterogêneas em outros aspectos. Isto porque as pessoas ficam mais confortáveis interagindo com pessoas que sejam similares a elas.

Dentro dos princípios da homofilia, o contato entre pessoas similares ocorre de forma recorrente e menor entre pessoas dissimilares. Esse comportamento de similaridade na estrutura da rede, foi observado que as pessoas que se encontram em posições similares nas redes são mais propensas a ter uma comunicação interpessoal mais relacionadas aos méritos em questão e para atender ao mérito de outros cargos, que, por sua vez, leva-os a ter mais influência um sobre o outro.

A associação de pessoas com as mesmas características não promove a circulação de novos conhecimentos. Isto causa uma limitação ao grupo de semelhantes enquanto outros grupos com similaridade menor conseguem alcançar melhores informações e desenvolver novas capacidades.

A imersão social (do termo em inglês, Embedded Ties) das organizações se dá na medida dos seus laços sociais. Trocas de reciprocidade, formas de confiança e base de transferência de informações refinadas expõe aos parceiros aspectos das suas vidas sociais e econômicas que estão fora dos rígidos conceitos econômicos de trocas, mas que fornece recursos adaptativos e as trocas econômicas imersas socialmente em múltiplas relações feitas por investimentos econômicos, amizade e ligações altruístas.

Fonte: Nogueira, Danillo P. Embeddedness estrutural e o status como deferência simbólica das empresas listadas na BM&F Bovespa: o efeito no comportamento de aquisições corporativas / Danillo P. Nogueira – 2015 – Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

Comments


Siga a DF7 nas redes sociais

  • White Facebook Icon
bottom of page