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Excesso de pressão por resultados: até quando sua empresa aguenta?


Nos últimos tempos temos visto acirrar as cobranças dos gestores sobre suas equipes para apresentação de resultados cada vez maiores e no menor espaço de tempo. Cobranças fazem parte da relação no mundo corporativo. No entanto, o que se observa é uma excessiva pressão para que os empregados apresentem desempenhos superiores continuamente. De hora em hora, até!

Muitas empresas e seus gestores acreditam que o exercício da pressão sobre os seus funcionários fazem com que eles apresentem desempenhos melhores. Como justificativas, o aumento da competitividade, a garantia de bônus, a possibilidade de ascensão profissional, entre outras. Em alguns casos, chega a ser desumano o tratamento, mesmo sabendo que pessoas apresentam problemas de saúde ligados ao excesso de estresse, com ausências prolongadas e péssimos climas organizacionais. Haja resiliência para suportar tanta pressão!

Em contrapartida, a prática do incentivo e da motivação é defendida por Daniel Kahneman, ganhador do Nobel de Economia em 2002. Ele ancora sua defesa, entre outros, nos seguintes fatos vividos por ele: durante um treinamento de pilotos da Força Aérea Israelense, o oficial argumentou que quando gritava com um piloto que realizara uma manobra mal feita seu desempenho melhorava no movimento seguinte. Pelo contrário, quando executava uma bela manobra e recebia um elogio, seu desempenho posterior não era tão espetacular. Por este raciocínio, o oficial acreditava que a pressão deixava os pilotos mais alertas e meticulosos; e que os elogios pareciam ter efeito reverso, deixando-os mais despreocupados.

Kahneman, PhD em Psicologia, afirma que esse movimento é conhecido como regressão à média. Os desempenhos excelente e péssimo não passam de picos em um processo aleatório como outro qualquer. Sendo assim, não são elogios ou berros ou ameaças que determinam a qualidade da manobra; os picos de desempenho fazem parte do processo de aleatoriedade. Assim também é no mundo corporativo.

A busca por resultados positivos deve ser fruto de uma motivação maior, como o interesse de consolidar a carreira e crescer dentro da empresa. “A pressão produz efeito contrário: desgasta a vontade do funcionário de se manter engajado ao longo do tempo e tende a transformar o trabalho em um fardo”, afirma o professor da FGV, Samy Dana. E continua: “não encontrando prazer em sua função, a pessoa tende a buscar recolocação profissional”.

A pressão também apresenta efeitos colaterais: a busca por resultados a qualquer custo pode impelir pessoas a terem desvios éticos, com efeitos devastadores para a empresa e pessoas; a pressão contínua gera alta rotatividade, representando elevados custos para a organização.

Organizações que pretendem ser perenes devem se perguntar como são, e estão, as práticas dos processos de gestão. Bons resultados – e resultados sustentáveis – advêm de equipes motivadas, com sentimento de pertença, com direito a voz e autonomia para desenvolver suas habilidades e permanecerem engajadas nos propósitos das organizações. Quem sabe este seja o momento de rever suas práticas de gestão. Pense nisso.

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